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[Semana do Cacau] Dia 1 – Por que devemos nos atentar ao consumo no Oriente?

Por que devemos nos atentar ao consumo no oriente?

Não é preciso muito para entender que o aumento da demanda de Cacau no oriente e no mundo pode tensionar o mercado, e uma forma interessante de pensar as possíveis variáveis acontece por meio dos estudos de estatísticas da indústria, das relações importação e exportação em cada país consumidor de Cacau e, não obstante, dos hábitos de consumo e dieta em cada um deles. Agora suponhamos, em escala global, que todos os países aumentassem suas demandas de Cacau? Ou aumentassem drasticamente o consumo de chocolates ou literalmente do cacau em pó, relacionando subprodutos às dietas de estilo mais saudáveis… 

Uma relação simples automaticamente acontece: a lei de oferta e procura atuaria também entre as demandas de amêndoas e/ou dos subprodutos de cacau, e nos indicaria um cenário de volatilidade sensível. Antes mesmo que possamos pensar em escala global, basta um olhar apurado para o consumo oriental para que possamos vislumbrar um cenário complexo no mercado mundial de cacau e suas peculiaridades. 

Fato interessante é que a China, – e vamos tomá-la de exemplo sobre um possível aumento do consumo de cacau no oriente, afinal sua população é de aproximadamente 1,3 bilhão de habitantes – , realiza menos importações de cacau do que a Suíça: país de grande tradição na produção de chocolates e que abriga uma população aproximada em 8,57 milhões de pessoas. Isso se deve aos peculiares hábitos gastronômicos, à tradição culinária e ao diverso paladar asiático chinês, sendo responsável por apenas 1,2 kg per capta de consumo de chocolate ao ano.  

Uma pesquisa da revista digital pesquisadora de tendências Euromonitor International (2007) indicou que o chocolate ao leite era o preferido dos consumidores chineses, e que em algumas regiões mais desenvolvidas no leste do país, clientes mais sofisticados optariam por chocolates amargos. De todos os recheios disponíveis, os mais populares eram os de nozes. 

Relatórios a respeito do mercado de cacau da INTL FCStone de 2019 revelam que as grandes multinacionais no ramo dos chocolates, como a Barry Callebaut e a Nestlé, demonstraram aumento nas demandas pelos seus produtos no continente asiático, além de empresas como a Mondelez citarem a China como um dos principais canais de crescimento futuro para o mercado. Vale a pena ressaltar que, um pequeno aumento no consumo de derivados de cacau por parte do povo chinês pode exercer grande pressão no mercado, já que estamos falando de praticamente um sexto de toda a população mundial.  

Atualmente, 90% do mercado de chocolates chinês se encontra na mão de marcas estrangeiras, das 4 maiores marcas no mercado: Dove, Ferrero, Cadbury e Leconte, apenas a última é uma marca chinesa local. Além de encontrarem dificuldades para competirem em tecnologia de produção contra as marcas estrangeiras, as marcas chinesas sofrem para emplacar produtos que sejam percebidos com o mesmo nível de qualidade das marcas consolidadas estrangeiras para os consumidores.  

A qualidade da safra ao redor do mundo influencia diretamente no preço final do cacau como commodity, uma grande queda na produção pode fazer com os preços fujam da realidade da maioria dos consumidores. Além disso, a performance do mercado de chocolates tende a influenciar as cotações também, já que as grandes indústrias são quem mais necessitam do produto, e o demandam em imensas quantidades. Para uma commodity como o cacau, cotada em dólar, são também inegáveis os efeitos da volatilidade cambial nos preços de suas amêndoas. 

Publicado em:2020,Dia I,Semana do Cacau

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